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Neotrop. Helminthol., 7(1), 2013
2013 Asociación Peruana de Helmintología e Invertebrados Afines (APHIA)
ISSN: 2218-6425 impreso / ISSN: 1995-1043 on line
NOTA CIENTÍFICA/ RESEARCH NOTE
SURVEY AT BAT ENTEROPARASITES BY CENTRIFUGAL FLOTATION TECHNIQUE
(MAMMALIA: CHIROPTERA) IN THE TROPICAL FOREST OF BRAZIL
LEVANTAMENTO DE ENTEROPARASITOS EM MORCEGOS ATRAVÉS DE TÉCNICA DE
CENTRÍFUGO FLUTUAÇÃO (MAMMALIA: CHIROPTERA) EM ÁREA DE FLORESTA
TROPICAL
Suggested citation: Pinheiro, MC, Ribeiro, CCDU, Lourenço, EC, Landulfo, GA, Luz, HR, Famadas, KM & Rodrigues, MLA.
2013. Survey at bats enteroparasites through centrifugal flotation technique (Mammalia: Chiroptera) in area of tropical forest.
Neotropical Helminthology, vol. 7, N°1, jan-jun, pp. 143 - 147.
1Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Seropédica, Brasil
² Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, Brasil
michelezootec@gmail.com
³ Departamento de Parasitologia Animal, UFRRJ, Seropédica, RJ, Brasil.
1,2 1
Michele da Costa Pinheiro , Carla Carolina Dias Uzedo Ribeiro , Elizabete Captivo Lourenço¹, Gabriel Alves Landulfo¹,
1,3 1,3
Hermes Ribeiro Luz¹, Kátia Maria Famadas & Maria de Lurdes de Azevedo Rodrigues
Resumo
Verificou-se a frequência de enteroparasitos em morcegos pertencentes a cinco espécies da
família Phyllostomidae capturados em três diferentes áreas de estudo, localizadas na Vila do
Tinguá situada no extremo nordeste do Município de Nova Iguaçu e nos limites sul da Reserva
Biológica do Tinguá, no Estado do Rio de Janeiro, Brasil nos meses de abril e julho de 2012. Cada
amostra fecal foi analisada individualmente e processada pela técnica de centrifugo-flutuação em
solução de sacarose, com algumas modificações. Das 33 amostras analisadas não se observou
ovos ou cistos de enteroparasitos. Este é o primeiro estudo para pesquisa da fauna
enteroparasitária em morcegos utilizando a técnica de centrifugo-flutuação, que utiliza apenas as
fezes e assegura a manutenção do hospedeiro na natureza, com o objetivo de ampliar o
conhecimento para a região, uma vez que todos os levantamentos são baseados em coleta de
material de necropsia.
Palavras-chaves: antropização - centrífugo-flutuação - helmintos - Mata Atlântica - Phyllostomidae - Reserva Biológica do
Tinguá.
Abstract
The frequency of intestinal parasites was established in 5 species of bats of the family
Phyllostomidae captured in three different areas of study, located in the Village of Tinguá located
in the far northeast of the city of Nova Iguaçu and the southern limits Tinguá Biological Reserve,
in the State of Rio de Janeiro, Brazil in April and July 2012. Each fecal sample was individually
analyzed and processed by a modified centrifugal flotation procedure in sucrose solution. No eggs
or cysts of endoparasites were detected in the 33 samples analyzed. This is the first study of the
fauna endoparasites in bats using centrifugal flotation technique using only fecal samples. All
surveys are based on necropsy of examined hosts.
Keywords: anthropization - Atlantic Forest - centrifugal flotation - helminthes - Phyllostomidae - Tinguá Biological Reserve..
144
Survey at bats enteroparasites Pinheiro et al.
A Ordem Chiroptera constitui o segundo maior
grupo de mamíferos, representando cerca de um
quarto de toda a fauna, apenas superado pela
ordem Rodentia (Peracchi et al., 2011).
Grande variedade de endoparasitos é encontrada
nos morcegos, incluindo protozoários,
trematódeos, cestóides e nematóides (Zeledón &
Vieto, 1957; Agrawal, 1967; Ubelaker et al.,
1970; Cuartas-Calle & Muñoz-Arango, 1999).
Em relação ao Brasil, existem poucos relatos
sobre a ocorrência de endoparasitos, apesar da
grande extensão do território brasileiro e de
apresentar cerca de 170 espécies de morcegos
(Reis et al., 2007).
Melo et al. (2010) apresentaram diferença no
parasitismo em áreas centrais da região
metropolitana de São Paulo e nas periferias,
suscitando uma relação do parasitismo deste
grupo com o ambiente, e destacando estes
grupos como possíveis bioindicadores. Além da
diferença de ambientes, o hábito alimentar ou
mesmo as estratégias de forrageamento
(Coggins, 1988), podem afetar a prevalência de
endoparasitos (Gazarini & Takemoto, 2012;
Gazarini et al., 2012).
Poucos são os artigos sobre endoparasitos em
morcegos em função da dificuldade de manuseio
destas espécies porque mesmo os não
hematófagos, estão associados à transmissão da
raiva (Deus et al., 2003; Cunha et al., 2005;
Scheffer et al., 2007). Para recuperar
enteroparasitos utiliza-se a coleta por meio da
necropsia que requer a análise do trato digestivo
ainda fresco, com necessidade do sacrifício do
hospedeiro e a baixa prevalência destes requer
um elevado número de amostras para o encontro
de positividade o que dificulta inferências
estatísticas. Por outro lado, a prevalência
naturalmente baixa pode demonstrar a
importância desses enteroparasitos como
bioindicadores, uma vez que em áreas mais
antropizadas ou mais alteradas esses parasitos
podem ser encontrados com maior prevalência
(Esteban et al., 2001; Fuentes et al., 2009). A
questão da eutanásia dos morcegos para este tipo
INTRODUÇÃO de estudo gera questões éticas a respeito da
necessidade e da quantidade necessária da morte
desses animais silvestres (CFMV, 2002). Uma
das questões que tem sido indicada é a
associação de diferentes linhas pesquisas para o
aproveitamento do hospedeiro, como é realizado
em alguns trabalhos em associação com centros
de controle de zoonoses (Melo et al., 2009;
2010).
Este estudo teve como objetivo ampliar o
conhecimento sobre a enteropasitos presente em
morcegos em áreas de Mata Atlântica da baixada
fluminense, Estado do Rio de Janeiro.
As três áreas de estudo se localizam na Vila do
Tinguá situada no extremo nordeste do
Município de Nova Iguaçu e nos limites sul da
Reserva Biológica do Tinguá (REBIO Tinguá),
no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Licença
ICMbio número 28064-2.
Duas áreas de amostragens se encontram na
zona de amortecimento da REBIO Tinguá: o
primeiro em área de cultivo agrícola
(22°35'16,53S e 04 24'13,86O) de
goiabeiras (Psidium guajava L.), bananeiras
(Musa paradisíaca L.) e palmito (Bactris
gasipaes Kunth) à margem do Rio Boa
Esperança; o outro em área de regeneração
primária (22°36'50.69”S e 043°24'47.17” O),
com predominância de capim colonião
(Panicum maximum), e pontos com presença de
Solanum paniculatum L., Solanum lycorcapum
St. Hil., Cecropia sp. e Trema micanthra (L.)
Blume. O terceiro ponto foi na REBIO Tinguá
(22°34'57.4”S, 043°26'15.9”O), próximo às
margens do Rio Tinguá e nos cursos de outros
rios, em estágio de sucessão secundária tardia
com presença do estrato arbóreo com
exemplares de Ficus sp. e sub-bosque com
predominância de exemplares de Piper spp.
As coletas dos morcegos foram realizadas, uma
noite em cada área, nos meses de abril e julho de
2012, capturados por meio de dez redes de
neblina (12 x 3 m e malha de 20 mm) abertas
MATERIAIS E MÉTODOS
estão registradas as espécies de helmintos
cestódeos do gênero Hymenolepis e o
t r e m a t ó d e o E d c a b a l l e r o t r e m a
eduardocaballeroi (Melo et al., 2009). Não
foram encontrados oocistos nem ovos de
helmintos nas amostras analisadas.
Este é o primeiro estudo utilizando técnica de
centrifugo-flutuação em solução de sacarose na
procura de fauna enteroparasitária de morcegos,
sendo esta uma técnica não invasiva, afetando
minimamente o hospedeiro. A técnica
centrifugo-flutuação em solução de sacarose
tem o objetivo de pesquisa de oocistos e ovos de
helmintos (Teixeira et al., 2008; Pereira et al.,
2012), principalmente com baixa frequência, o
que nos conduziu a utilizá-la, pois através da
literatura verificou-se que o achado de
enteroparasitos em um animal na natureza é
extremante reduzido, por questões biológicas
de sobrevivência da espécie. A técnica de
centrífugo flutuação modificada foi utilizada e
comparada com McMaster, que também utiliza
solução de sacarose e é de flutuação para
pesquisa de helmintos em ovinos e foi
considerada mais adequada quando se utiliza
pequena quantidade de fezes, uma vez que a sua
sensibilidade é maior, embora seja de emprego
mais demorado (Fernandes et al., 2005). Outra
questão que deve ser levada em consideração é
que nessa amostragem apenas morcegos
frugívoros foram analisados e sabe-se que a
prevalência e frequência m uma forte
correlação com os hábitos alimentares ou
mesmo a estratégia de forrageio dos morcegos,
sendo constatada que morcegos frugívoros
a p r e s e n t a m m e n o r p r e v a l ê n c i a d e
enteroparasitos (Coggins, 1988, Gazarini &
Takemoto, 2012; Gazarini et al., 2012).
A expansão territorial dos centros urbanos reduz
o habitat dos animais silvestres, no entanto
algumas espécies se adaptam a estes ambientes,
como é o caso de algumas espécies de morcegos
(Fenton et al., 1992). A aproximação destas
espécies com as populações humanas pode-se
tornar um problema de saúde pública que
pouco se sabe sobre patógenos, principalmente
da interação com os enteroparasitos. Mais
estudos precisam ser realizados para ampliar o
antes do pôr do sol e fechadas logo após o
amanhecer.
Os animais foram retirados das redes,
identificados por meio de literatura e chave de
identificação (Vizotto & Taddei, 1973; Dias &
Peracchi, 2008) e mantidos em sacos de pano
onde permaneceram por cerca de uma hora para
defecarem, logo após este procedimento foram
soltos no mesmo local. As fezes eliminadas
foram coletadas, com auxílio de uma haste
flexível de plástico com algodão nas pontas,
conservadas em formol 2% e mantidas em tubos
de ensaio. As amostras foram levadas ao
Laboratório de Helmintologia da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Brasil,
processadas para o diagnóstico de possíveis
ovos de helmintos e oocistos de coccídeos.
A técnica preconizada para o detecção dos
enteroparasitos acompanhou o protocolo da
técnica de centrifugo-flutuação em solução de
sacarose, segundo Figueiredo et al. (1984) com
modificações. Inicialmente o conteúdo de cada
amostra foi vertido sobre uma gaze, filtrado para
um Becker e dissolvido em 15 mL de água. O
conteúdo do Becker foi transferido para um
tubo, o qual foi centrifugado à 1500 rpm por 5
min. O sobrenadante foi desprezado e
acrescentado solução saturada de sacarose com
densidade 1,225 até completar o volume do tubo
e novamente centrifugada. O volume do tubo
com solução saturada foi completado até a
formação do menisco, e coberto por uma
lamínula. Após 5 min a lamínula foi colocada em
lamina para leitura à microscopia óptica
(Levine, 1978).
Foram analisados 33 morcegos pertencentes à
cinco espécies da família Phyllostomidae:
Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) (n=18),
Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810) (n=08),
Artibeus lituratus (Olfers, 1818) (n=05),
Artibeus obscurus (Schinz 1821) (n=01) e
Platyrrhinus recifinus (Thomas, 1901) (n=01).
Nos filostomídeos em achados de necropsia
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neotrop. Helminthol., 7(1), 2013
145
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do município de Porto Rico, Paraná,
Brasil. The Biologist (Lima), vol. 10,
p.77.
conhecimento das parasitoses dos morcegos,
com verificação de sua importância em saúde
pública.
Gostaríamos de agradecer a FAPERJ que
financiou o trabalho de campo e material de
amostragem, a Entidade Ambientalista Onda
Verde para apoio logístico, a Sindipetro
CAXIAS pela hospedagem e a Patrício, PMP;
Dias, RM e Gomes, LAC pela assistência no
trabalho de campo. Os autores também
agradecem ao CPGCV da UFRRJ, às agências
de fomento CAPES e CNPq pela cessão de
bolsas de estudos.
AGRADECIMENTOS
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Accepted April 11, 2013.
Correspondence to author/ Autor para
correspondencia:
Michele da Costa Pinheiro
Curso de Pós graduação em Ciências Veterinariás
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ),
Rio de Janeiro, Brasil.
E-mail / Correo electrónico:
michelezootec@gmail.com
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