Volume11,Number1(ene-jun2017)
ÓrganooficialdelaAsociaciónPeruanadeHelmintologíaeInvertebradosAfines(APHIA)
Lima-Perú
VersiónImpresa:ISSN2218-6425VersiónElectrónica:ISSN1995-1043
Auspiciado por:
ISSN Versión impresa 2218-6425 ISSN Versión Electrónica 1995-1043
Neotropical Helminthology, 2017, 11(1), jan-jun: 129-138.
ORIGINAL ARTICLE / ARTÍCULO ORIGINAL
MONOGENOIDEA GILL PARASITES SPECIES OF CICHLA MONOCULUS (SPIX & AGASSIZ,
1831) (PERCIFORMES: CICHLIDAE) FROM BRAZILIAN AMAZON FLOODPLAIN LAKES
ESPÉCIES DE MONOGENOIDEA PARASITAS DAS BRÂNQUIAS DE CICHLA MONOCULUS
(SPIX & AGASSIZ, 1831) (PERCIFORMES: CICHLIDAE) DE LAGOS DE VÁRZEA DA
AMAZÔNIA BRASILEIRA
ESPECIES DE MONOGENOIDEA PARÁSITOS DE LAS BRANQUIAS DE CICHLA
MONOCULUS (SPIX &AGASSIZ, 1831) (PERCIFORMES: CICHLIDAE) DE LAGOS DE
VARZEA DE LA AMAZONIA DE BRASIL
1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Laboratório de Parasitologia de Peixes Av. André Araújo 2936, Petrópolis,
CEP-69.067-375, Manaus, Amazonas, Brasil. hellenparedio@gmail.com, germantiss1106@gmail.com
Neotropical Helminthology
129
ABSTRACT
Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831) has long been erroneously termed C. ocellaris, so all species
recorded in Brazilian Central Amazonia of C. ocellaris should actually correspond to C. monoculus. This
fact together with the lack of parasitic studies in this species, led to record the Monogenoidea species that
parasitize C. monoculus from six floodplain lakes in the Brazilian Amazon for the first time. Thirty eight
specimens of C. monoculus from five floodplain lakes of the Solimões River and one of the Purus River,
Brazil during March to December 2012, were captured and necropsied. A total of 1665 specimens of
Monogenoidea were collected. The prevalence of infection was 89%. Ten species belonging to three
genera were identified: Gussevia sp., Gussevia arilla Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986, Gussevia
longihaptor Mizelle & Kritsky, 1969, Gussevia tucunarense Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986, Gussevia
undulata Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986, Sciadicleithrum sp., Sciadicleithrum ergensi Kritsky,
Thatcher & Boeger, 1989, Sciadicleithrum umbilicum Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989, Sciadicleithrum
uncinatum Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989 and Tucunarella cichlae Mendoza-Franco, Scholz &
Rozkosná, 2010. The Monogenoidea fauna was composed of three main species, four secondary and three
satellites. Gussevia undulata had the highest coefficient of dominance within the whole parasite
community. There was a significant positive correlation (p < 0.05) between the standard length of C.
monoculus and the abundance of parasites and also a positive correlation between the host standard length
and Monogenoidea species richness.
Key words: Ectoparasites – Dactylogyridae – peacock bass – Platyhelminthes
1 1 1
Hellen Paredio Santana ; Germán Augusto Murrieta Morey & José Celso de Oliveira Malta
156130
Neotropical Helminthology, 2017, 11(1), jan-jun
RESUMO
RESUMEN
Palavras-chave: Ectoparasitos – Dactylogyridae – Platyhelminthes – tucunaré
Palavras clave: Ectoparásitos – Dactylogyridae – Platyhelminthes – tucunaré
Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831) foi por muito tempo denominado erroneamente como Cichla
ocellaris, assim todas as espécies de parasitas citadas na Amazônia Central para C. ocellaris na realidade
deveriam corresponder a C. monoculus. Este fato conjuntamente com a falta de estudos parasitários nesta
espécie levou ao objetivo de realizar os primeiros registros das espécies de Monogenoidea que parasitam
C. monoculus provenientes de seis lagos de várzea da Amazônia brasileira. Foram necropsiados 38 Cichla
monoculus capturados em cinco lagos de várzea do rio Solimões e em um lago do rio Purus, Brasil no
período de março a dezembro de 2012. Foram coletados 1665 espécimens de Monogenoidea. A
prevalência foi 89%. Dez espécies de três gêneros foram identificadas: Gussevia sp., Gussevia arilla
Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986, Gussevia longihaptor Mizelle & Kritsky, 1969, Gussevia tucunarense
Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986, Gussevia undulata Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986, Sciadicleithrum
sp., Sciadicleithrum ergensi Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989, Sciadicleithrum umbilicum Kritsky,
Thatcher & Boeger, 1989, Sciadicleithrum uncinatum Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989 e Tucunarella
cichlae Mendoza-Franco, Scholz & Rozkosná, 2010. A fauna de Monogenoidea estava composta por três
espécies centrais, quatro secundárias e três satélites. Gussevia undulata apresentou o maior coeficiente de
dominância dentro da comunidade parasitária. Houve correlação positiva significativa (p < 0,05) entre o
comprimento padrão de C. monoculus e a abundância parasitaria e o comprimento padrão e a riqueza de
espécies de Monogenoidea.
Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831) fue por mucho tiempo denominada erróneamente como Cichla
ocellaris, así, todas las especies de parásitos citados en la Amazonía Central para C. ocellaris en realidad
deberían corresponder a C. monoculus. Este hecho conjuntamente con la falta de estudios parasitarios en
esta especie, llevó al objetivo de realizar los primeros registros de las especies de Monogenoidea que
parasitan C. monoculus provenientes de seis lagos inundables de la Amazonía brasileña. Fueron
necropsiados 38 C. monoculus capturados en cinco lagos inundables del Río Solimões y en un lago del Rio
Purús, Brasil durante marzo y diciembre del 2012. Fueron colectados 1665 especímenes de
Monogenoidea. La prevalencia fue de 89%. Diez especies de tres géneros fueron identificadas: Gussevia
sp., Gussevia arilla Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986, Gussevia longihaptor Mizelle & Kritsky, 1969,
Gussevia tucunarense Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986, Gussevia undulata Kritsky, Thatcher & Boeger,
1986, Sciadicleithrum sp., Sciadicleithrum ergensi Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989, Sciadicleithrum
umbilicum Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989, Sciadicleithrum uncinatum Kritsky, Thatcher & Boeger,
1989 y Tucunarella cichlae Mendoza-Franco, Scholz & Rozkosná, 2010. La fauna de Monogenoidea
estaba compuesta por tres especies centrales, cuatro secundarias y tres satélites. Gussevia undulata
presentó el mayor coeficiente de dominancia dentro de la comunidad parasitaria. Existió correlación
positiva significativa (p < 0,05) entre la longitud estándar de C. monoculus y la abundancia parasitaria y la
riqueza de especies de Monogenoidea.
Paredio Santana et al.
Neotropical Helminthology, 2017, 11(1), jan-jun
Kritsky, 1997).
Como C. monoculus foi por muito tempo
denominado erroneamente como C. ocellaris,
todas as espécies de parasitas citadas na Amazônia
Central para C. ocellaris na realidade são para C.
monoculus. z espécies de Monogenoidea foram De
registradas para C. ocellaris: Gussevia sp.;
Gussevia arilla Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986;
G. longihaptor Mizelle & Kritsky, 1969; G.
tucunarense Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986; G.
undulata Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986;
Sciadicleithrum ergensi Kritsky, Thatcher &
Boeger, 1989; S. umbilicum Kritsky, Thatcher &
Boeger, 1989; S. uncinatum Kritsky, Thatcher &
Boeger, 1989; Tucunarella cichlae Mendoza-
Franco, Scholz & Rozkosná, 2010 e
Notozothecium sp. Boeger & Kritsky, 1988
(Mizelle & Kritsky, 1969; Kritsky et al., 1989;
Thatcher, 2006; Muller et al., 2008; Mendoza-
Franco et al., 2010).
Assim, o presente trabalho tem como objetivo fazer
os primeiros registros na Amazônia brasileira das
espécies de Monogenoidea parasitas de C.
monoculus provenientes de seis lagos de várzea.
Os C. monoculus foram coletados em seis lagos de
várzea, cinco no rio Solimões: Baixio
(03°17'27,2''S/ 60°04'29,6''O) localizado no
município de Iranduba; Preto (03°21'17,1''S/
60°37'28,6''O) em Manacapuru; Ananá
(03°53'54,8''S/ 61°40'18,4''O) em Anori; lago
Araçá (S03°45' 04,3" S/ 62°21' 25,9" O) em
Codajás; Maracá (03°50'32,8''S/ 62°34'32,4''O) em
Coari e um lago no rio Purus, o São Tomé (03°49'
39,0"S/ 61°25' 24,6" O), Brasil (Figura 1).
Os peixes foram coletados nos meses de março,
junho, setembro e dezembro de 2012. Eles foram
capturados com redes de espera de 20m de
comprimento por 2m de altura com malhas
variando de 30 a 100 mm entre nós adjacentes. As
redes ficaram na água 10 h em cada lago no período
diurno, ocorrendo duas despescas.
No campo os peixes foram identificados, pesados e
medidos. Este trabalho foi realizado de acordo com
Monogenoidea gill parasites of Cichla
A fauna de peixes de água doce do Brasil é a mais
rica do mundo, com cerca de 2.590 espécies,
existindo ainda muitas desconhecidas (Buckup et
al., 2007). Na Amazônia, 85% dos peixes são
otofísios, 43% são da ordem Characiformes, 39%
da ordem Siluriformes e 3% da Gymnotiformes. As
demais espécies pertencem a outras famílias de
diferentes ordens (Lowe-Mcconnell, 1999).
A família Cichlidae é a mais rica em espécies de
peixes uma das familias de água doce do mundo.
Ela é uma das principais famílias de vertebrados,
com pelo menos 1.300 espécies e com estimativas
que se aproximam a 1.900 (Kullander, 1998).
As espécies do gênero Cichla Block & Schneider,
1801 estão amplamente distribuídas nas bacias dos
rios Amazonas, Tocantins, Orinoco, e nos rios
menores que drenam as Guianas até o oceano
Atlântico. Com a transfaunação de espécies de
peixes de água doce na América do Sul as espécies
de Cichla também podem habitar as bacias de
drenagens dos rios Paraná, Paraguai e nos rios
Paraíba do Sul e Paraguaçu no Brasil (Kullander &
Ferreira, 2006).
Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831) é uma
espécie importante na pesca comercial que
abastece os centros urbanos regionais. É bastante
apreciada na pesca esportiva e muito consumida
pelas populações ribeirinhas (Santos et al., 2006).
Monogenoidea é um grupo muito diverso em
número de espécies, morfologia, e ecologia. As
espécies deste grupo têm expandido suas
preferências de microhabitat (local de infestação) a
partir da pele nos primeiros vertebrados até os
órgãos internos e externos em uma grande
variedade de vertebrados aquáticos (Poulin, 1992;
Eiras et al., 2010).
As espécies de Monogenoidea são altamente
específicas, a maioria parasita apenas uma ou
varias espécies filogeneticamente relacionadas
(Poulin, 1992). Esta especificidade não é
necessariamente o resultado de rigorosa
coespeciação entre linhagens de hospedeiros e de
parasitas. Mas pode resultar também de outros
processos adaptativos e não adaptativos (Boeger &
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
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132
parasitárias foi classificado segundo Bush &
Holmes (1986): espécies centrais (presentes em
mais de dois terços dos hospedeiros), espécies
secundárias (em um a dois terços dos hospedeiros)
e espécies satélites (em menos de um terço dos
hospedeiros).
Foi calculado o Coeficiente de Dominância (CD)
de acordo com Serra-Freire (2002), onde o CD
mede a porcentagem de uma espécie em relação ao
conjunto da infracomunidade parasitária para
todos os hospedeiros examinados. O coeficiente de
correlação de Pearson foi utilizado para determinar
possíveis correlações entre a abundância
parasitária, riqueza e o comprimento dos
hospedeiros (Zar, 1996). Todos os valores foram
considerados significativos quando p < 0,05. Os
dados foram analisados utilizando o pacote
estatístico BioEstat 5.0.
Foram examinados 38 exemplares de C.
monoculus capturados em seis lagos de várzea da
Amazônia Central. Seis peixes foram capturados
no período da enchente, 17 na cheia, 11 na vazante
e quatro na seca. O comprimento padrão médio
variou de 20,71 ± 6,88 cm a 25,48 ± 2,16 cm e o
peso médio de 195,65 ± 166,68 a 370,83 ± 124,07
g. Dos 38 peixes examinados, 34 estavam
parasitados com pelo menos uma espécie de
Monogenoidea, apresentando uma prevalência
parasitária de 89%.
Foram coletados 1665 espécimens de
Monogenoidea de três gêneros e 10 espécies. Cinco
espécies de Gussevia Kohn & Paperna, 1964:
Gussevia sp. (INPA 717); G. arilla Kritsky,
Thatcher & Boeger, 1986 (INPA 711); G.
longihaptor Mizelle & Kritsky, 1969 (INPA 718);
G. tucunarense Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986
(INPA 714); G. undulata Kritsky, Thatcher &
Boeger, 1986 (INPA 717). Quatro de
Sciadicleithrum Kritsky, Thatcher, & Boeger,
1989: Sciadicleithrum sp (INPA 720).; S. ergensi
Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989 (INPA 712); S.
umbilicum Kritsky, Thatcher & Boeger, 1989
(INPA 719); S. uncinatum Kritsky, Thatcher &
Boeger, 1989 (INPA 715). Uma de Tucunarella
as normas federais para coleta e transporte de
animais silvestres e também com os princípios
éticos na experimentação animal. Assim, os peixes
-1
foram imersos em 75 mg de óleo de cravo L e
eutanasiados (CONCEA, 20013). Posterior à
eutanásia, as bnquias foram removidas e
conservadas em frascos de vidro preenchidos com
o
água aquecida a 70 C e formol 5%. Os frascos com
as amostras de cada peixe foram rotulados com as
informações correspondentes.
As brânquias foram analisadas no Laboratório de
Parasitologia de Peixes do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (LPP INPA) em Manaus.
Sob microscópio estereoscópio os monogenóideos
foram retirados dos filamentos branquiais, e
conservados em formol 5%. Para o estudo
morfológico das espécies de Monogenoidea
lâminas permanentes foram preparadas utilizando
Grey & Weiss (Amato et al., 1991).
Para a identificação das espécies de Monogenoidea
as lâminas permanentes foram analisadas sob
microscópio de luz, com objetiva de 4X, 10X, 40X
e 100X. Para a identificação foram feitos desenhos
de cada indivíduo com o auxílio de câmara clara e
ocular micrométrica. A identificação das espécies
foi baseada nos trabalhos originais de descrição das
espécies. Espécimes testemunhas foram
depositados na Coleção de invertebrados do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. O
número dos depósitos são apresentados entre
parêntesis nos resultados seguido do nome das
espécies identificadas.
Os índices parasitários foram calculados segundo
Bush et al. (1997): prevalência (P%) é o número de
peixes infectados com um ou mais indivíduos de
uma espécie de parasita em particular, dividido
pelo número de hospedeiros examinados
(expressado em porcentagem). Intensidade (I) é o
número de indivíduos de uma espécie de parasita
em particular em um hospedeiro infectado;
intensidade média (IM) é o número total de
parasitas registrados de uma espécie em particular,
divididos pelo número de hospedeiros infectados,
abundância média (AM) é o número total de
parasitas registrados de uma espécie em particular
divididos pelo número total de hospedeiros
examinados (infectados ou não).
O status comunirio das infracomunidades
Neotropical Helminthology, 2017, 11(1), jan-jun Paredio Santana et al.
RESULTADOS
Figura 1. Localização geográca da área de estudo, localizada na Amazônia Brasileira – AM.
tucunarense; G. undulata; S. umbilicum e S.
uncinatum. O coeficiente de dominância aplicado
para as infracomunidades de C. monoculus indicou
que a comunidade foi dominada por duas espécies
G. undulata (CD= 23,7%) e G. arilla (CD=
22,5%). Elas representaram 46,2% da comunidade
total.
A análise do coeficiente de correlação de Pearson
indicou uma correlação positiva significativa entre
a abundância de espécies de Monogenoidea e o
comprimento padrão dos hospedeiros (r = 0, 38; p
= 0, 01) (Figura 2). Houve uma correlação positiva
significativa entre a riqueza de espécies de
Monogenoidea e o comprimento padrão dos C.
monoculus (r = 0, 49; p =0, 001) (Figura 3).
Mendoza-Franco, Scholz & Rozkosná, 2010: T.
cichlae Mendoza-Franco, Scholz & Rozkosná,
2010 (INPA 713).
Gussevia arilla, G. longihaptor, G. undulata e S.
uncinatum foram às espécies que apresentaram as
maiores prevalências e abundâncias (Tabela 1). O
status comunitário das infracomunidades
parasitárias foi: três espécies centrais: G.
longihaptor, G undulatae S. uncinatum. Quatro
secundárias: G. arilla; G. tucunarense, S. ergensi,
S. umbilicum. Três satélites: T. cichlae, Gussevia
sp. e Sciadicleithrum sp. (Tabela 2).
Seis espécies ocorreram em todos os quatro
períodos de coleta (seca, enchente, cheia e
vazante): G. arilla; G. longihaptor; G.
Neotropical Helminthology, 2017, 11(1), jan-jun Monogenoidea gill parasites of Cichla
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Neotropical Helminthology, 2017, 11(1), jan-jun Paredio Santana et al.
Figura 2. Coeciente de Correlação de Pearson entre a abundância de parasitas em Cichla monoculus e o comprimento dos
hospedeiros. r = 0,38; p = 0,01
Figura 3. Coeciente de Correlação de Pearson entre a riqueza de parasitas em Cichla monoculus e o comprimento dos
hospedeiros. r = 0,49; p = 0,001.
Neotropical Helminthology, 2017, 11(1), jan-jun Monogenoidea gill parasites of Cichla
Tabela 1. Espécies de Monogenoidea parasitas de Cichla monoculus capturados em lagos de várzea da Amazônia
Central com seus respectivos índices parasitológicos. P(%) = prevalência, I = Intensidade parasitária, IM =
Intensidade média, AM = Abundância média, CD(%) = Coeciente de dominância.
Espécie I P (%) IM AM CD Status comunitário
Gussevia sp. 31 (1-15) 23,68 3,44 0,82 1.86 Satélite
G. arilla 375 (1-95) 65,79 15 9,87 22.5 Secundária
G. longihaptor 277 (1-46) 73,68 9,89 7,29 16.6 Central
G. undulata 394 (1-100) 71,05 14,59 10,37 23.7 Central
G. tucunarense 26 (1-5) 36,84 1,86 0,68 1.56 Secundária
Sciadicleithrum sp. 15 (1-7) 18,42 2,14 0,39 0.9 Satélite
S. ergensi 68 (1-15) 50 3,58 1,79 4.08 Secundária
S. umbilicum 284 (1-65) 57,89 12,91 7,47 17.1 Secundária
S. uncinatum 192 (1-38) 71,05 7,11 5,05 11.5 Central
Tucunarella cichlae 3 (1) 7,89 1 0,08 0.18 Satélite
DISCUSSÃO resultado da combinação de processos como a
coespeciação e estrutura ecológica (Janzen, 1985).
Além da influência das caractesticas dos
hospedeiros na distribuição dos parasitas, uma
variação na amplitude dos recursos usados pelos
parasitas (Braga et al., 2015).
Embora a maioria dos gêneros de parasitas seja
restritos às linhagens particulares dos hospedeiros,
alguns tem uma maior amplitude de hospedeiros
que inclui espécies de hospedeiros distantemente
relacionados. A história das linhagens de cada
ordem de peixes da região Neotropical parece
determinar a extensão da distribuição de parasitas
(Braga et al., 2015).
Na distribuição filogenética das espécies de
Monogenoidea da região Neotropical os gêneros
das espécies parasitas são restritos a uma simples
família de peixes, mas podem ocorrer em muitas
espécies de hospedeiros (Braga et al., 2015).
Espécies de quatro gêneros de Monogenoidea
parasitam peixes da família Cichlidae: Gussevia;
Sciadiclethrum; Trinidactylus Hanek, Molnar &
Fernando, 1974; Gyrodactylus von Nordmann,
1832 e Tucunarella.
As espécies de Cichla o parasitadas por
Monogenoidea dos gêneros Gussevia,
Sciadicleitrum e Tucunarella. O gênero
Tucunarella é monoespecífico e parasita somente
A composição das comunidades de parasitos é o
resultado, entre outros fatores, das interações entre
a história evolucionária e características ecológicas
dos hospedeiros (Poulin, 1995). As espécies
parasitas podem ter ou o especificidade
parasitária. Ela existe quando uma espécie parasita
pode desenvolver-se em uma determinada
espécie de hospedeiro, ou num conjunto limitado
de espécies (Pavanelli et al., 2008).
A maioria das ordens e famílias de peixes
apresetam restrões filogenéticas, possuindo
assim uma única composição de gêneros de
parasitas. As ordens e famílias de peixes
representam diferentes tipos de recursos para os
monogenóideos parasitas, influenciando a
estrutura das relações entre as espécies de
hospedeiros e os gêneros e as espécies dos
parasitas. Estas diferenças na qualidade do recurso
refletem a história de cada linhagem dos
hospedeiros na região neotropical (Braga et al.,
2015).
A distribuição das espécies de Monogenoidea nos
hospedeiros está fortemente influenciada pela
história evolutiva, entre e dentro das ordens dos
peixes (Braga et al., 2015). Isto é provavelmente o
135
136
Comunidades parasitarias são formadas por um
núcleo de espécies dominantes (centrais), que
interagem fortemente para atingir o equilíbrio,
cercadas por um conjunto maior de espécies
(secundárias e satélites) desempenhando papéis
opostos (Caswell, 1978). Neste trabalho foram
encontradas três espécies centrais: G. longihaptor,
G undulatae S. uncinatum. Quatro secundárias: G.
arilla; G. tucunarense, S. ergensi, S. umbilicum.
Três satélites: T. cichlae, Gussevia sp. e
Sciadicleithrum sp. Assim, pode se considerar que
a fauna de monogenóideos parasitas em C.
monoculus nos lagos de várzea estudados, está em
equilíbrio.
O coeficiente de dominância indica o grau de
importância de uma espécie em relação ao conjunto
da comunidade parasitária (Serra-Freire, 2002).
Neste trabalho seis espécies ocorreram em todos os
quatro períodos de coleta (seca, enchente, cheia e
vazante): G. arilla; G. longihaptor; G.
tucunarense; G. undulata; S. umbilicum e S.
uncinatum. O coeficiente de dominância aplicado
para as infracomunidades de C. monoculus indicou
que a comunidade foi dominada por duas espécies
G. undulata (CD= 23,7%) e G. arilla (CD=
22,5%). Elas representaram 46,2% da comunidade
total.
Peixes maiores em tamanho teriam um maior
tempo de contato com as formas infectantes dos
parasitas, favorecendo o acúmulo destes
organismos (Yamada et al., 2011). Este processo é
comum em ectoparasitos onde a transmissão é
direta (Takemoto & Pavanelli, 2000). Os peixes
que apresentam uma maior cavidade branquial e
superfície corporal podem apresentar mais
parasitas (Lo et al., 1998).
Em assembleias de ectoparasitos branquiais de
Cichla piquiti Kullander & Ferreira, 2006 e Cichla
kelberi Kullander & Ferreira, 2006 dos
reservatórios de Itaipu e Lajes, houve uma
correlação positiva e significativa entre o
comprimento padrão e a abundância de S. ergensi
para C. piquiti e C. kelberi (Yamada et al., 2011).
Neste trabalho ocorreu uma correlação positiva
significativa entre o comprimento e abundância
das espécies de Monogenoidea identificadas e
entre o comprimento e a riqueza das espécies
parasitas.
C. monoculus. Espécies dos gêneros Gussevia e
Sciadicleitrum parasitam rias espécies de
Cichlidae. Considerando a distribuição das
espécies de Monogenoidea nos ciclídeos, a maioria
é específica para cada espécie de peixe (Braga et
al., 2015).
Cada espécie de Gussevia parasita uma espécie de
peixe da família Cichlidae. Mas cada espécie de
peixe pode abrigar mais de uma espécie de
Gussevia. Das 15 espécies conhecidas de
Sciadicleithrum, duas parasitam mais de uma
espécie de Cichlidae. Todas as espécies de
Monogenoidea parasitas de ciclídeos são restritas a
espécies de hospedeiros filogeneticamente
próximos (Braga et al., 2015).
Para as 15 espécies de Cichla que ocorrem no
Brasil foram citadas quatro espécies de Gussevia.
Gussevia arilla; G. longihaptor e G. undulata
parasitando três espécies de Cichla: C. ocellaris, C.
kelberi e C. monoculus. Gussevia tucunarense
foi citada para C. occellaris. Sciadicleithrum
ergensi, S. umbilicum e S. uncinatum foram citas
para C. ocellaris (Eiras et al., 2010). Neste trabalho
todas as espécies acima foram encontradas em C.
m o n o c u l u s . G u s s e v i a t u c u n a r e n s e ,
Sciadicleithrum ergensi, S. umbilicum e S.
uncinatum são novos registros para C. monoculus.
Cichla ocellaris Bloch & Schneider, 1801 ocorre
nos rios da Guiana da bacia de drenagem do Rio
Marowijne no Suriname e Guiana Francesa até
bacia de drenagem do Rio Essequibo na Guiana
(Kullander & Ferreira, 2006). Gussevia arilla, G.
longihaptor, G. undulata, S. ergensi, S. umbilicum
e S. uncinatum seus hospedeiros tipo foram
coletados na Bacia de drenagem do Rio Amazonas,
na Amazônia Central e equivocadamente
identificados como C. ocellaris (Mizelle &
Kritsky, 1969; Kritsky, Thatcher & Boeger, 1986;
1989).
De fato o hospedeiro tipo de G. arilla, G.
longihaptor, G. undulata, S. ergensi, S. umbilicum
e S. uncinatum é C. monoculus. Com este trabalho
fica evidente este erro de identificação, pois todas
as espécies de Monogenoidea citadas acima são de
fato parasitas de C. monoculus que é realmente a
espécie que ocorre nos lagos de várzea da Bacia do
Rio Amazonas no Peru, Colômbia e Brasil e na
Bacia do Rio Oiapoque .
Neotropical Helminthology, 2017, 11(1), jan-jun Paredio Santana et al.
Cichla monoculus é hospedeiro de dez espécies de
Monogenoidea que parasitam suas brânquias.
Ambientes lênticos como os lagos de várzea
estudados, facilitam o ciclo de vida destes
parasitas, influenciando positivamente na estrutura
da comunidade parasitaria, abundância e riqueza
das espécies que parasitam as brânquias deste
peixe. Este trabalho constitui o primeiro registro
para espécies de Monogenoidea parasitando C.
monoculus na Amazônia brasileira.
Agradecemos ao Projeto PIATAM e ao Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia pelo apoio
logístico e financeiro para a realização deste
trabalho. Agradecemos também aos membros do
Laboratório de Parasitologia de Peixes (LPP-
INPA) pelo apoio técnico.
Neotropical Helminthology, 2017, 11(1), jan-jun Monogenoidea gill parasites of Cichla
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Received February 14, 2017.
Accepted April 4, 2017.