image/svg+xmlISSN Versión impresa 2218-6425ISSN Versión Electrónica 1995-1043Neotropical Helminthology, 2021, 15(2), jul-dic:163-169.ORIGINAL ARTICLE / ARTÍCULO ORIGINAL1Laboratório de Helmintologia Veterinária. Faculdade de Veterinária/Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil. Avenida Bento Gonçalves, 9090 CEP 91540-000 Porto Alegre.RS Brasil 2Discentes da Faculdade de Veterinária. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.*Corresponding author: mary.gomes@ufrgs.brSandra Márcia Tietz Marques: http://orcid.org/000-0002-7541-9717Jacqueline Meyer: https://orcid.org/0000-0002-0658-8824Luiza de Campos Menetrier: https://orcid.org/0000-0002-7818-9873Mary Jane Tweedie de Mattos: https://orcid.org/0000-0003-4385-5706221Sandra Márcia Tietz Marques¹; Jacqueline Meyer; Luiza de Campos Menetrier & Mary Jane Tweedie de MattosABSTRACTThe medical clinic for reptiles has grown in recent years, whether for attending free-living animals in rehabilitation centers or for pets. The knowledge of the parasitic fauna of the Reptilia Class is important for the identification of pathogenic agents and effective therapy. Fecal samples were collected from 35 animals of the Orders Crocodylia (N=3), Squamata (N=3) and Testudines (N=29) attended from 2013 to 2018 at the Center for Conservation and Rehabilitation of Wild Animals (PRESERVAS) of the Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Fecal samples were processed by the methods of Willis, Lutz and Sheather at the Laboratory of Helminthology at UFRGS. The percentage of positive samples was 17.14% (6/35): three Trachemys dorbogni (Duméril & Bibron 1835)presenting Serpinemaspp., Physalopteraspp. and Strongyloidea, respectively; two Caiman latirostris(Daudin, 1802) with Strongyloidesspp. and Augusticaecumspp., respectively, and Iguana iguana(Linnaeus, 1758) with Eimeriaspp. This study expands the list of parasites in reptiles from the state of Rio Grande do Sul.Neotropical Helminthology163doi:10.24039/rnh20211521198PARASITES IN REPTILES OF THE CONSERVATION AND REHABILITATION CENTER FOR WILDLIFE ANIMALS OF AN PUBLIC UNIVERSITY-BRAZILPARASITOS EM RÉPTEIS DO NÚCLEO DE CONSERVAÇÃO E REABILITAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA-BRASIL PARÁSITOS EN REPTILES DEL CENTRO DE CONSERVACIÓN Y REHABILITACIÓN DE ANIMALES DE VIDA SILVESTRE DE UNA UNIVERSIDAD PÚBLICA-BRASIL DDDDKeywords: Brazil – Crocodylia – Helminths – Reptiles – Squamata – Testudines
image/svg+xml164Os répteis (latim científico: Reptilia) pertencem ao grupo de animais que possuem características de ectotermia e pele recoberta por escamas. Esse grupo inclui os lagartos, serpentes, anfisbenas, quelônios e jacarés, embora algumas delas sejam pouco aparentadas entre si (Martins & Molina, 2007; Cubas et al., 2014). No mundo são registradas mais de 10.700 espécies de répteis (Uetz & Hošek, 2018). No Brasil segundo Costa & Bérnils (2018), foram registradas 795 espécies sendo 36 Testudines, 6 Crocodylia e 753 Squamata (72 anfisbenas, 276 “lagartos” e 405 serpentes). Considerando subespécies, são 6 Crocodylia, 37 Testudines e 799 Squamata no Brasil (75 INTRODUÇÃO anfisbenas, 282 “lagartos” e 442 serpentes), totalizando 842 espécies e subespécies de répteis no país. Com isso, o Brasil está em 3º lugar em riqueza de espécies de répteis do mundo, atrás da Austrália (1.057) e do México (942) (Uetz & Hošek, 2018). Os mesmos autores, Costa & Bérnils, (2018) afirmaram que um total de 395 espécies + subespécies de répteis ocorrentes no Brasil (47%) são endêmicos do território brasileiro, mas essa porcentagem varia bastante entre os grandes grupos. Nenhum crocodiliano e apenas seis espécies de quelônios (16%) são endêmicos do país. Por outro lado, 40% das serpentes registradas são endêmicas do Brasil (179 táxons, entre espécies + subespécies), e porcentagens ainda maiores são observadas para os lagartos (54%; 153 táxons) e anfisbenas (76%; 57 táxons).RESUMOPalavras-chave: Répteis – Helmintos – Crocodylia – Squamata –Testudines – BrasilA clínica médica de répteis tem crescido nos últimos anos, seja pelo atendimento de animais de vida livre em centros de reabilitação ou pela aquisição como pets. O conhecimento da fauna parasitária da Classe Reptilia é importante para identificação de agentes patogênicos e terapêutica efetiva. Foram coletadas amostras fecais de 35 animais das Ordens Crocodylia (N= 3), Squamata (N=3) e Testudines (N=29) atendidos de 2013 à 2018 no Núcleo de Conservação e Reabilitação de Animais Silvestres (PRESERVAS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Amostras fecais foram processadas pelos métodos de Willis, Lutz e Sheather no Laboratório de Helmintologia da UFRGS. A porcentagem de amostras positivas foi de 17, 14 % (6/35): três Trachemys dorbogni(Duméril & Bibron 1835) apresentando Serpinema spp., Physaloptera spp. e Strongyloidea, respectivamente; dois Caiman latirostris(Daudin, 1802) com Strongyloides spp. e Augusticaecum spp., respectivamente é uma Iguana iguana (Linnaeus, 1758)com Eimeriaspp. Este estudo amplia a lista de parasitos em répteis do estado do Rio Grande do Sul. Marques et al.RESUMENPalabras clave: Brasil - Crocodilia - Helmintos - Reptiles - Squamata - TestudinesLa clínica médica para reptiles ha crecido en los últimos años, ya sea para atender animales de vida libre en centros de rehabilitación o para mascotas. El conocimiento de la fauna parasitaria de la clase Reptilia es importante para la identificación de agentes patógenos y una terapia eficaz. Se recolectaron muestras fecales de 35 animales de los Órdenes Crocodylia (N = 3), Squamata (N = 3) y Testudines (N = 29) atendidos de 2013 a 2018 en el Centro de Conservación y Rehabilitación de Animales Silvestres (PRESERVAS) de la Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Las muestras fecales fueron procesadas por los métodos de Willis, Lutz y Sheather en el Laboratorio de Helmintología de la UFRGS. El porcentaje de muestras positivas fue del 17,14% (6/35): tres Trachemysdorbogni(Duméril & Bibron 1835) presentaron Serpinemaspp., Physalopteraspp. y Strongyloidea, respectivamente; dos Caiman latirostris(Daudin, 1802) con Strongyloidesspp. y Augusticaecumspp., respectivamente, e Iguana iguana(Linnaeus, 1758) con Eimeriaspp. Este estudio amplía la lista de parásitos en reptiles del estado de Rio Grande do Sul.Neotropical Helminthology, 2021, 15(2), jul-dic
image/svg+xml165Caiman latirostris (Daudin, 1802) ou jacaré-do-papo-amarelo A distribuição geográfica desta espécie inclui as áreas de drenagens dos Rios Paraná e São Francisco, e algumas bacias costeiras do sudeste e nordeste brasileiro. Ocorrem também no nordeste da Argentina, sudeste da Bolívia e Paraguai, norte e nordeste do Uruguai (Aguiar & Mauro, 2005).Salvator merianae (Duméril & Bibron 1839) ou teiú é um lagarto onívoro da Ordem Squamata, que habita regiões de floresta, campos de vegetação alta, campos cultivados e áreas urbanas (Harvey et al., 2012). Esta espécie possui a maior distribuição geográfica do gênero, ocorrendo desde a Argentina até o Brasil, incluindo Uruguai e Paraguai, além das regiões sul, sudeste, centro-oeste, e nordeste do Brasil. (Vieira, 2016). O gênero Salvatorcompreende alguns dos maiores lagartos do Novo Mundo e dos maiores representantes da família Teiidae, podendo atingir até 500 mm de comprimento rostro-cloacal (Winck et al., 2011).Iguana iguana (Linnaeus, 1758) ou iguana verde é da Ordem Squamata; são herbívoros que vivem em árvores de florestas tropicais, mas podem ser criados em terrários úmidos (Alberts, 2004; Swanson, 2004).Trachemys dorbigni (Duméril & Bibron 1835) ou tartaruga-tigre-d'água pertence a Ordem Testudines, distribuída no Brasil, Uruguai e Argentina. Esta espécie é considerada da fauna silvestre e sua posse e manutenção só são permitidas com a específica documentação, sendo também proibida a soltura desses animais na natureza. No Brasil, é uma das tartarugas de água doce mais abundantes do Estado do Rio Grande do Sul (Bujes et al., 2011).Chelonoidis carbonarius (Spix 1824) ou jabuti-piranga pertence a Ordem Testudines, com distribuição no Brasil, Colômbia, Bolívia, Paraguai, Panamá, Equador, Peru e Argentina (Vargas-Ramírez et al.,2010), sendo considerado vulnerável à extinção e está listada no Apêndice II da CITES, restringindo o comércio internasional. Eles também são amplamente considerados como animais de estimação locais e seus cascos são vendidos como lembranças e como pets populares em todo o mundo. Chelonoidis chilensis(Gray 1870) ou tartaruga-do-chaco é uma tartaruga terrestre, herbívora, típica da América do Sul. Pertence a ordem Testudines e caracterizam-se por habitar locais, geralmente topograficamente planos ou com pouca inclinação. Essas tartarugas marcam sua presença permanente em áreas relativamente arborizadas, perto de grandes cactos, determinando espaços abrigados restritos quase livres de vegetação (SibGobAr, 2021).Chelonia mydas(Linnaeus, 1758) ou tartaruga-verde é uma espécie marinha herbívora e está distribuída por todos os oceanos, nas zonas de águas tropicais e subtropicais e de qualquer altitude do mundo. Como uma espécie classificada como ameaçada, a tartaruga-verde é protegida contra a exploração, na maioria dos países (Seminoff, 2006). Acanthochelys spixii (Duméril & Bibron, 1835) ou cágado-preto se distribui no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. No Brasil, ocorre nos biomas Pampa, Mata Atlântica e Cerrado (Bernils, 2010), tendo sido registrado em ambientes lagunares, banhados, corpos d'água e chacos estacionais ou semipermanentes (Bujes, 2010). Não há evidências de ameaças que possam afetar a população como um todo, no entanto, a subpopulação no estado do Rio Grande do Sul, pode estar sendo afetada pelas das atividades agrícolas (cultivo de arroz). Por essas razões, Acanthochelys spixiifoi categorizada como menos preocupante (LC) (Vogt et al.,2010).A popularidade dos répteis tem crescido muito por pessoas interessadas em adquirir um animal de estimação diferenciado. Os ditos “pets não convencionais” representam parcela importante do mercado pet, sendo uma área em constante expansão no Brasil e no mundo (Marques et al., 2020). Estes animais possuem necessidades específicas e precisam de acompanhamento veterinário especializado (Cubas et al., 2014). Os exames parasitológicos através de métodos não invasivos, permitem ao médico veterinário uma avaliação da saúde parasitológica dos animais, diminuindo o estresse ao manipular o animal. Além disso, possibilita analisar se os parasitos observados representam risco à saúde do animal ou dos tutores (Cubas et al., 2014). Se tratando de animais de vida livre, os exames permitem o levantamento dos parasitos mais prevalentes na Parasites in reptiles of center for wildlife animalsNeotropical Helminthology, 2021, 15(2), jul-dic
image/svg+xml166população de uma espécie, com uma melhor avaliação por parte do médico veterinário, quanto a possibilidade de soltura ou realocação de um indivíduo. A utilização de fármacos para controle parasitológico é tópico de grande debate e discordância por parte dos profissionais da área, uma vez que não há dados suficientes que exponham os efeitos dessa prática a longo prazo, bem como sua consequência em uma população de determinada espécie (Lourenço et al., 2018).O objetivo do presente trabalho é registrar a ocorrência de parasitos em animais da Classe Reptilia atendidos pelo PRESERVAS – UFRGS, Brasil através da análise de fezes, contribuindo assim para o conhecimento das infecções parasitárias da fauna silvestre.As amostras fecais foram colhidas durante o manejo sanitário dos animais internados no Núcleo de Conservação e Reabilitação de Animais Silvestres (PRESERVAS) do Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sendo acondicionadas em recipientes próprios para coleta de fezes. Imediatamente, foram levadas ao Laboratório de Helmintologia da Faculdade de Veterinária da UFRGS. Com exceção dos jacarés-de-papo-RESULTADOS E DISCUSSÃOamarelo (3) e dos teiús (2), os répteis que receberam atendimento clínico estavam com seus tutores.As amostras fecais foram processadas no período de 24 h de seu recebimento. Todas as amostras fecais foram examinadas macroscopicamente e, na presença de formas parasitárias, estas foram recuperadas e processadas para identificação taxonômica. Após, foram separadas em frações de até 3 g para os métodos rotineiros de flutuação em solução de solução salina (densidade=1.20) ou método de Wiliis-Mollay, sedimentação simples com água destilada (método de Lutz) e centrífugo-flutuação com solução de sacarose (Sheather), conforme Hoffmann (1987) e Marques et al. (2020). Aspectos éticos: A pesquisa foi realizada segundo protocolo 20487/11, de autorização de uso de animais na pesquisa cientifica (CEUA) da UFRGS. Na avaliação macroscópica não foram observados parasitos nas fezes. A prevalência de parasitos observados microscopicamente, nas amostras fecais, foi de 17,14 % (6/35) e está demonstrada na Tabela 1.Tabela 1.Taxa de prevalência de parasitos encontrados em amostras fecais de répteis das OrdensTestudines, Crocodylia e Squamata, atendidos no PRESERVAS - UFRGS entre 2013 e 2018, no sul do Brasil.Nome CientíficoNome comumTotalPositivo(%)ParasitoOrdem TestudinesTrachemys dorbogniTartaruga tigre-dágua1203 (25)Serpinema spp.Physaloptera spp.StrongyloideaChelonia mydasTartaruga verde080-Chelonoides carbonariaJabuti-pitanga070-Chelonoides chilensisTartaruga-do-chaco010-Acanthochelys spixiiCágado-preto010-Ordem CrocodyliaCaiman latirostrisJacaré-do-papo-amarelo32 (66,7)Strongyloides spp.Augusticaecum spp.Ordem SquamataIguana iguanaIguana verde0101(100)Eimeriaspp.Salvator merianaeTeiú020-TOTAL356(17, 14)Marques et al.MATERIAL E MÉTODOSNeotropical Helminthology, 2021, 15(2), jul-dic
image/svg+xml167Caudotylenchus indicusn. gen., n. sp.Onze espécies da ordem Testudinescompõem a fauna do Rio Grande do Sul, seis espécies continentais e cinco marinhas, representando cerca de 30% das 36 espécies brasileiras (Bernils, 2010; Bujes, 2010), porém pouco se sabe da fauna parasitária de répteis, que geralmente são estudos pontuais (Bernardon et al., 2014). As três tartarugas tigre-d'água em atendimento no PRESERVAS que estavam parasitadas apresentaram monoinfecção por nematódeos, com um único gênero: Serpinema, Physaloptera e Strongyloidea. No estudo de Rataj et al. (2011), que procurou estabelecer a prevalência parasitológica de 949 animais “pets” da Classe Reptilia (serpentes, lagartos e tartarugas), através do método de flutuação e sedimentação, foram encontradas 43,7% de amostras positivas para parasitos da Família Strongylidae em Testudines, enquanto para os lagartos, foram encontradas duas amostras positivas (0,6%) para Eimeria sp., confirmando que estes nematódeos são cosmopolitas. Lane & Mader (2005) destacam Strongyloidesspp. como principal parasito de intestino de tartarugas. Augusticaecumé um nematódeo ascarídeo, com prevalência em tartaruga-esquilo (Gopherus polyphemusDaudin, 1802) nativa dos Estados Unidos (McGuire et al., 2013; Huffmann et al., 2018). Este parasito causa uma variedade de problemas sanitários e no caso de infecção pesada, leva a obstrução intestinal e a morte de seu hospedeiro (Wilson & Carpenter, 1996). Nesta avaliação, o gênero Augusticaecum foi detectado nas fezes de um jacaré-do-papo-amarelo, enquanto amostra fecal de outro jacaré evidenciou ovos de Strongyloidessp., semelhante aos resultados de Batista et al. (2011) quando investigaram por exame coproparasitológico amostras fecais de 480 jacarés (Caiman latirostris) criados comercialmente no estado do Rio de Janeiro e submetidas ao método de Willis-Mollay e de Lutz, diagnosticando parasitos do gênero Strongyloidessp. em 8 de 180 amostras parasitadas nos animais alocados no sistema aberto de criação. Uma possibilidade para disseminação de ovos do parasito é a transmissão mecânica dos mesmos por dípteros, uma vez que já foi observada a presença de ovos e larvas de helmintos aderidos ao corpo de moscas ou em seu interior intestinal, facilitando a contaminação de recintos, alimentos e até dos próprios animais (D'Almeida et al., 2002; Ferreira et al., 2002; Oliveira et al., 2002). Traversa et al. (2005) constataram que as tartarugas infectadas com parasitos do gênero Augusticaecum eram os exemplares jovens e talvez a maior prevalência ocorreu pelo hábito da coprofagia (Oliveira et al., 2002).Em répteis, nem todas as infecções por coccídeos causam doença, sendo a coccidiose, habitualmente, uma doença de animais jovens. Nestes animais, os sinais clínicos podem não ser detectados, embora em lagartos possa se observar atrasos no crescimento (Mader, 2006). Nesta investigação, amostra fecal da I. iguana apresentou oocistos de Eimeria sp., entretanto o animal foi atendido no PRESERVAS para uma avaliação geral de sua saúde e informações a cerca de seu manejo. Muitos outros protozoários, como Entamoeba, Klosiellae Isospora também parasitam lagartos. Dentre todos, Entamoeba invadens Rodhaim, 1934é o protozoário de maior importância em criações de répteis, devido sua patogenicidade (Bauer & Bauer, 2014).Eimeria sp. e Isosporasp. são os coccídios encontrados mais frequentemente em amostras fecais de anfíbios e répteis (Jacobson, 2007). Alta carga parasitária em indivíduos jovens causa doença clínica (McGuire et al., 2013). Entre os sinais clínicos de animais infectados encontram-se apatia, anorexia, regurgitação e hemorragia intestinal. Os oocistos são ingeridos através do solo ou fezes contaminados. O manejo adequado e a hidratação do paciente, bem como medidas de higiene são muito importantes para o tratamento (De La Navarre, 2011).Rosales (2011) analisou fezes de 300 iguanas-verdes (I. iguana) no Equador para diagnóstico de Eimeriasp. e não obteve resultados positivos. Resultado semelhante foi encontrado por Okulewicz et al. (2015), que avaliou fezes de 44 iguanas-verdes na Polônia e nenhuma amostra foi positiva para Eimeriasp. Foram encontrados apenas parasitos da família Pharyngodonidae em três indivíduos. Em um estudo realizado por Silva (2012) parasitos do gênero Eimeriaforam encontrados em indivíduos de gecko-tokay (Gekko gecko(Linnaeus, 1758)), gecko-de-madagascar (Phelsuma madagascariensis(Gray, 1831)) e de píton-real (Python regiusAuguste Duméril & Bibron, 1844). No indivíduo da espécie I. iguanaforam encontrados apenas ovos de nematódeo, cuja Neotropical Helminthology, 2021, 15(2), jul-dic
image/svg+xml168Aguiar, LMS & Mauro, RA. 2005. Jacaré-de-papo-amarelo-Caiman latirostris. Fauna e Flora do Cerrado,Embrapa Cerrados Campo Grande. MSAlberts, A. 2004. Iguanas: Biology and Conservation. (SI). California University Press. 356p.Batista, MB, Pereira, MVAC, Vita, GF, Barros, SCW & Barbosa, CG. 2011. Diagnóstico coproparasitológico de jacarés (Caiman latirostrisDaudin, 1802)criados comercialmente no estado do Rio de Janeiro.Ars Veterinaria, Jaboticabal, SP, vol. 27, pp. 102-110.Bauer, A & Bauer, G. 2014. Squamata - Sauria (Iguana e Lagartos).In: Cubas, ZS, Silva, JCR & Catão-Dias, JL. 2014. Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária, 2.Ed. Bernardon, FF, Valente, AL & Muller, G. 2014. Gastrointestinal helminths of TrachemisdorbigniDuméril & Bibron, 1835 (Tertudines, Emydidae) from artificial urban ponds in southern Brazil. Pan American Journal of Aquatic Science, vol. 9, pp. 54-57.Bérnils, RS. 2010. Brazilian reptils - List of species.Sociedade Brasileira de Herpetologia. http: //public.sbherpetologia.org.br/assets/Dodumentos/2019/11/Reptilia-Brasil-Bernils-Costa-2012.pdf.Bujes, CS. 2010. Testudinescontinentais do Rio Grande do Sul, Brasil: taxonomia, história natural e conservação. Clóvis S. Bujes. Iheringia, Ser. Zool, Porto Alegre, vol. 100, pp. 413-424.Bujes, CS, Molina, FB & Verrastro, L. 2011. Population characteristics of Trachemys dorbigni(Testudines, Emydidae) from Delta do Jacuí State Park, Rio Grande do Sul, southern Brazil.South American Journal of Herpetology, vol. 6, pp. 27-34.Costa, HC. & Bérnils, RS. 2018. Répteis do Brasil e suas Unidades Federativas: Lista de espécies. Herpetologia Brasileira, Vol. 7, pp. 11–57.Cubas, ZS, Silva, JCR & Catão-Dias, JL. 2014. Tratado de animais selvagens: Medicina Veterinária.2.ed., São Paulo: Editora GEN/Roca. pp. 1-137.D'Almeida, JM, Oliveira, VC, Paes, MJ & Sanavria, A. 2002. Population dynamics of calyptrate Diptera (Muscidade and Sarcophagidae) at the Rio-Zoo Foundation, Rio de Janeiro, RJ, Brazil. Brazilian Journal of Biology, vol. 62, pp. 191-196. De La Navarre, B. 2011. Common parasitic diseases of reptiles & amphibians. http://veterycalendar.dvm360.com/common-parasitic-diseasesreptiles-amphibians-proceedingsFerreira, RLM, Henriques, AL & Rafael, JA. 2002. Activity of tabanids (Insecta: Diptera: Tabanidae) attacking the reptiles Caiman crocodilus(Linn.) (Alligatoridae) and Eunectes murinus(Linn.) in the Central Amazon, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, vol. 97, pp.133-136.Harvey, MB, Ugueto, GN & Gutberlet-Jr, RL. 2012. Review of Teiid morphology with a revised taxonomy and phylogeny of the Teiidae (Lepidosauria: Squamata). Zootaxa, vol 3459, pp.1–156.Hoffmann, RP. 1987. Diagnóstico de parasitismo veterinário. Porto Alegre: Sulina. Huffmann, JN, Haizlett, KS, Elhassani, DK, Cooney, BT & Frazier, EM. 2018. A survey of Gopherus polyphemusintestinal parasites in south Florida.Journal of Parasitology Research, vol. 2018, 3048795. Jacobson, E. 2007. Infectious diseases and pathology of reptiles: Color atlas and text. CRC Press, Boca Raton, Fl, USA.Lane, TJ & Mader, DR. 2005. Parasitology. IN: Mader, DR. Reptile medicine and surgery.2. Ed., Philadelphia Saunders.Lourenço, ACP, Da Silva Coelho, FA & Coelho, MDG. 2018. Ocorrência de protozoários intestinais em aves mantidas no Centro de Triagem de Animais Silvestres do IBAMA no município de Lorena, São Paulo.Revista Biociências, vol. 23, pp. 37-45.Mader, DR. 2006. Parasitology reptile medicine and surgery. 2. ed. Elsevier Saunders, pp. 347-350.Marques, SMT, Meyer, J, Fernandes, LS & Alieve, MM. 2020. Avaliação parasitológica de pets não convencionais atendidos em hospital universitário público em 2018 – relato de caso.Revista Agrária Acadêmica, Marques et al.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICASNeotropical Helminthology, 2021, 15(2), jul-dic
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