Resumo
Abstract
ORIGINAL ARTICLE / ARTÍCULO ORIGINAL
BIOMPHALARIA STRAMINEA (MOLLUSCA: PLANORBIDAE) COMO HOSPEDEIRO
INTERMEDIÁRIO DE ZYGOCOTYLE LUNATA (TREMATODA: ZYGOCOTYLIDAE) NO
BRASIL
BIOMPHALARIA STRAMINEA (MOLLUSCA: PLANORBIDAE) AS INTERMEDIATE
HOST OF ZYGOCOTYLE LUNATA (TREMATODA: ZYGOCOTYLIDAE) IN
BRAZIL
1 1 1,2
Fernando Sérgio Barbosa , Hudson Alves Pinto & Alan Lane de Melo
1 Laboratório de Taxonomia e Biologia de Invertebrados, Departamento de Parasitologia, Instituto de Ciências Biológicas,
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
2 aldemelo@icb.ufmg.br
Suggested citation: Barbosa, F.S., Pinto, H.A. & Melo, A.L. 2011. Biomphalaria straminea (Mollusca: Planorbidae) como
hospedeiro intermediário de Zygocotyle lunata (Trematoda: Zygocotylidae) no Brasil. Neotropical Helminthology, vol 5, nº 2,
pp. 241-246.
Keywords: experimental infection – mollusks - new host – Planorbidae - trematodes.
Coletas malacológicas foram realizadas em lagoas localizadas próximas ao rio São Francisco ou de
seus afluentes no município de Iguatama, Minas Gerais, Brasil, entre julho de 2009 e setembro de
2010. De 2.609 exemplares de Biomphalaria straminea (Dunker, 1848) coletados, 14 (0,54%)
apresentavam-se infectados por larvas do tipo anfistoma. Metacercárias formadas em substrato sólido
foram utilizadas para a infecção experimental de camundongos da linhagem AKR/J. Foi verificada a
presença de ovos nas fezes dos roedores a partir de 30 dias após a infecção. Parasitos adultos
recuperados no ceco intestinal dos roedores foram identificados como Zygocotyle lunata (Diesing,
1836). Este é o primeiro registro de Z. lunata em B. straminea no Brasil.
Palavras-chaves: infecção experimental – moluscos - novo hospedeiro – Planorbidae – trematódeos.
INTRODUÇÃO
Zygocotyle lunata (Diesing, 1836) é um
trematódeo intestinal com ampla distribuição
geográfica descrito de ruminantes, Blastocerus
dichotomus (Illiger, 1815), e de aves, Sarkidiornis
melanotus sylvicola (Ihering & Ihering, 1907),
Amazonetta brasiliensis ipecutiri (Vieillot, 1816) e
Charadrius wilsonia (Ord, 1814) coletados por
Johann Natterer em expedição científica realizada
ao Brasil no início do século XIX. Posteriormente,
o parasito foi registrado na América do Norte,
África e Ásia (Fried et al., 2009). O ciclo biológico
de Z. lunata envolve moluscos planorbídeos do
Neotrop. Helminthol., 5(2), 2011
2011 Asociación Peruana de Helmintología e Invertebrados Afines (APHIA)
Versión Impresa: ISSN 2218-6425 / Versión Electrónica: ISSN 1995-1043
241
Malacological surveys were carried out in lakes located near the São Francisco River or its tributaries in
Iguatama, Minas Gerais, Brazil, between July 2009 and September 2010. Of 2.609 specimens of
Biomphalaria straminea (Dunker, 1848) collected, 14 (0.54%) were infected by amphistomecercariae.
Metacercariae obtained in solid subtract were used to perform experimental infection of AKR/J strain of
mice. It was verified the presence of eggs of the parasite in the feces of the mice 30 days after infection.
Adult parasites recovered from the intestinal caecum were identified as Zygocotyle lunata (Diesing,
1836). This is the first report of Z. lunata in B. straminea from Brazil.
gênero Helisoma Swainson, 1840 na América do
Norte, e Biomphalaria Preston, 1910 na América
do Sul (Ostrowski de Núñez et al., 2003; Fried et
al., 2009; Ostrowski de Núñez et al., 2011). Apesar
de o parasito ter sido relatado em várias espécies de
vertebrados no Brasil (Viana, 1924; Ferreira, 1933;
Travassos, 1933, 1934; Travassos et al., 1969;
Müller et al., 1983; Nascimento et al., 2006), o
conhecimento de aspectos relacionados aos
moluscos transmissores de Z. luntata no país são
ainda necessários.
No presente estudo, é registrada a infecção natural
de Biomphalaria straminea (Dunker, 1848) por
larvas de trematódeos do tipo anfistoma no estado
Minas Gerais. Infecções experimentais realizadas
em roedores permitiram a obtenção de parasitos
adultos identificados como Z. lunata.
MATERIAL E MÉTODOS
As coletas malacológicas foram realizadas em
lagoas localizadas próximas ao rio São Francisco
ou de seus afluentes (20º15'13”S, 45º46”54W;
20º17'77”S, 45º42' 59”W) no município de
Iguatama, Minas Gerais, Brasil, entre julho de
2009 e setembro de 2010. Os moluscos foram
coletados com aulio de concha melica,
acondicionados em sacos plásticos, etiquetados e
transportados em caixa térmica para o laboratório,
onde foram contados, separados e identificados por
meio de parâmetros conquiológicos e
morfológicos segundo Paraense (1975). Para a
verificão de emergência de cercárias, os
moluscos foram colocados individualmente em
placas de polietileno contendo 5 mL de água isenta
de cloro e deixados durante a noite para exame no
dia seguinte antes e após fotoestimulação artificial.
As cercárias e metacercárias obtidas foram
estudadas em microscópio de luz, com ou sem o
auxílio de colorantes vitais (vermelho Neutro e
sulfato azul do Nilo a 0,05%), ou após fixação em
formalina, coloração pelo carmim aceto-alúmem,
desidratação em série crescente de alcoóis,
clarificação em creosoto de Faia e montagem em
lâminas permanente em bálsamo do Canadá (Melo,
2008).
Cinco camundongos da linhagem AKR/J
receberam per os 20 metacercárias encistadas a
cerca de 60 dias. Exames parasitológicos de fezes
RESULTADOS
No período entre julho de 2009 e setembro de 2010
foram coletados 2.609 exemplares de B. straminea,
dos quais 14 (0,54%) apresentavam-se infectados
por larvas preliminarmente caracterizadas como
pertencentes ao tipo anfistoma (Figura 1a). Estas
cercárias emergiram após fotoestimulação
artificial, sendo observada a formação de
metacercárias (Figura 1b) na parede do recipiente
ou na concha do molusco. Os camundongos
experimentalmente infectados apresentaram ovos
nas fezes a partir de 30 dias após a infecção (Figura
1c). Todos os camundongos apresentavam-se
infectados, sendo recuperados em média 4 (3-5)
parasitos (Figura 1d). As medidas e o estudo
morfológico das formas larvares e dos parasitos
adultos obtidos experimentalmente permitiram a
identificação de Z. lunata (Figura 2). A análise
comparativa entre as medidas dos parasitos adultos
obtidos no presente estudo e as relatadas por
diferentes autores é apresentada na Tabela 1.
foram realizados pelo método de sedimentação
espontânea (Lutz, 1919) diariamente a partir do 15º
dia de infecção. Verificada a presença de ovos nas
fezes, os camundongos foram mortos por
deslocamento cervical (em acordo com os
princípios éticos preconizado pelo Comitê de Ética
em Experimentação Animal local, CETEA -
UFMG), sendo as vísceras separadas em placas de
Petri contendo solução fisiológica (NaCl 0,85%) e
examinadas em estereomicroscópio. Os parasitos
recuperados foram prensados entre lâminas de
vidro, mortos em água a 70°C, fixados em
formalina 10%, corados e montados como descrito
anteriormente. Desenhos foram realizados em
câmara clara e as medidas obtidas com auxílio de
ocular milimetrada. Os resultados da análise
morfológica e morfométrica dos estágios
evolutivos obtidos foram comparados com estudos
e chaves taxonômicas de diversos autores (Price,
1928; Willey, 1941; Travassos et al., 1969. O
material estudado foi depositado na coleção do
Laboratório de Taxonomia e Biologia de
Invertebrados (DPIC), Departamento de
Parasitologia, Universidade Federal de Minas
Gerais (número de acesso: 6207-6216).
DISCUSSÃO
O ciclo biológico de Z. lunata foi elucidado na
década de 30 do século XX. A larva, descrita como
242
Biomphalaria as host of Zygogotyle Barbosa et al.
Figura 1: Zygocotyle lunata: (A) Cercária emergida de Biomphalaria straminea oriunda de Iguatama, Minas Gerais, Brasil. (B)
Metacercária encistada em substrato sólido. (C) Ovos do parasito obtidos de camundongos experimentalmente infectados. (D)
Parasito adulto recuperado no ceco intestinal de camundongos 30 dias após a infecção experimental.
Tabela 1. Dados morfométricos de Zygocotyle lunata obtidos experimentalmente a partir de cercárias emergidas de Biomphalaria
straminea oriundas de Iguatama, Minas Gerais, Brasil, e dados reportados por diferentes autores. Medidas em micrômetros,
exceto para comprimento e largura do corpo que estão em milímetros. C: comprimento, L: largura, d: diâmetro, *: não informado.
et
243
Neotrop. Helminthol., 5(2), 2011
Figura 2: Desenho em câmara clara de Zygocotyle lunata
obtido experimentalmente em camundongo. Escala = 1 mm.
Cercaria poconensis, foi encontrada em Helisoma
antrosum (Conrad, 1834) nos EUA (Willey, 1930,
1936). Este mesmo autor, posteriormente obteve
parasitos adultos em aves e roedores
experimentalmente infectados (Willey, 1941).
Mais recentemente, Helisoma trivolvis (Say, 1817)
também foi incriminada como espécie
transmissora de Z. lunata na América do Norte
(Huffman, 1991; Etges, 1992, Klockars et al.,
2007; Fried et al., 2008). Vários estudos têm
avaliado aspectos da manutenção de Z. lunata em
condições laboratoriais, estando os dados sobre
i n f e c t i v i d a d e , p e r í o d o p r é - p a t e n t e ,
comportamento e morfologia dos esgios
evolutivos obtidos no presente estudo em acordo
com os relatados por diferentes autores (Willey,
1936, 1941; Huffman et al., 1991; Ostrowski de
Núñez et al., 2003; LeSage & Fried, 2010; Fried &
LeSage, 2011; Ostrowski de Núñez et al., 2011).
Poucos estudos avaliaram a participação de
moluscos na transmissão de Z. lunata na América
do Sul. Santos (1980), em comunicação de
congresso, relatou o encontro de Biomphalaria
tenagophila (Orbigny, 1835) naturalmente
infectada por Z. lunata no vale do Paraíba, estado
São Paulo, Brasil. Posteriormente, Biomphalaria
peregrina (Orbigny, 1835), foi encontrada
infectada pelo parasito na Argentina e estudos de
infecção experimental demonstraram a
suscetibilidade de cinco espécies de Biomphalaria
à infecção pelo parasito, sendo B. straminea a
espécie que apresentou maior taxa de infecção
(73%) (Ostrowski de Núñez et al., 2003). Por outro
lado, as taxas de infecção natural por Z. lunata são
relativamente baixas, sendo verificadas
percentuais de infecção de 0,22% e 0,56%
respectivamente para B. peregrina e B. tenagophila
oriundas da Argentina (Ostrowski de Núñez et al.,
2011), valores semelhantes ao verificado no
presente estudo (0,54%).
Biomphalaria straminea, espécie amplamente
distribuída pelo Brasil e um importante vetor da
esquistossomose mansoni principalmente na
região Nordeste do país, é aqui registrada como um
novo hospedeiro intermediário natural de Z. lunata.
Estudos visando ampliar o conhecimento sobre a
distribuição do parasito na região neotropical bem
como a sua interação biológica com as espécies
brasileiras de Biomphalaria e mesmo com o
Schistosoma mansoni Sambon, 1907, são ainda
necessários.
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Correspondence to author /Autor para
correspondência:
Alan Lane de Melo
Laboratório de Taxonomia e Biologia de
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Instituto de Ciências Biológicas, Universidade
Federal de Minas Gerais. CP 486, 30123-970,
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
e-mail: aldemelo@icb.ufmg.br
Received August 31, 2011.
Accepted October 31, 2011.
Travassos, L . 1 934.
Travassos, L, Freitas, JFT & Kohn, A. 1969.
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Willey, CH. 1930.
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