INTRODUÇÃO
Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) (tatu-
galinha), é um mamífero pertenecente à família
Dasypodidae, que ocorre do sul da América do
Norte ao sul da América do Sul (Wetzel, 1982).
Estes animais apresentam hábitos terrestres a
fossoriais e a maioria das espécies constrói tocas e
escava o solo a procura de alimento. São
essencialmente solitários exceto durante os breves
momentos de acasalamento. Muitos tatus dessa
espécie morrem por atropelamento nas rodovias,
embora sejam muito caçados, ainda não constam
na lista de extinção devido a sua ampla distribuição
(Carter & Encarnação, 1983).
Há poucos trabalhos relacionados ao estudo de
parasitos em tatus no Brasil, assim como em outros
países do Continente Americano. O estudo dos
parasitos da fauna silvestre é muito importante,
uma vez que novos relatos ampliam a distribuição
geográfica dos mesmos e de seus hospedeiros.
O gênero Mathevotaenia (Akhumyan, 1946) inclui
29 espécies que infectam vertebrados como
roedores, marsupiais, primatas, mustelídeos,
edentados, lêmures e aves (Yamaguti, 1959;
Schmidt, 1986). No Brasil, várias espécies de
Mathevotaenia foram relatadas infectando uma
grande variedade de mamíferos, incluindo M.
surinamensis (Cohn, 1902), M. bivittata (Janicki,
1904), M. megastoma (Diesing, 1850), M.
marmosae (Beddard, 1914), M. immature (Rego,
1963), M. didelphidis (Rudolphi, 1819) e M.
brasiliensis (Fuhrmann, 1908) (Schmidt, 1986;
Campbell et al., 2003; Griese, 2007).
Mathevotaenia tem sido descrito parasitando
várias espécies de tatus nas Américas. Há relatos
de M. paraguayae (Schmidt & Martin, 1978) em
Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) no
Paraguai e M. surinamensis em Dasypus
novemcinctus, M. diminuta (Navone, 1989), em D.
septemcinctus e M. matacus (Navone, 1989) em
Chaetophractus vellerosus (Gray, 1865) na
Argentina (Navone, 1990).
Os acantocéfalos formam um único filo em virtude
de sua estrutura e hábitos parasitários. Seus ciclos
de vida geralmente envolvem insetos como
hospedeiros intermediários e os definitivos variam
conforme a espécie. Estão distribuídos por todo
mundo e divididos em vários gêneros (Dimitrova
& Gibson, 2005), sendo que espécies do gênero
Centrorhynchus (Lühe, 1911), têm aves e
mamíferos como hospedeiros definitivos,
artrópodes terrestres como hospedeiros
intermediários e anfíbios e répteis como
hospedeiros paratênicos. Das 97 espécies de
Centrorhynchus já descritas (Lunaschi & Drago,
2010), 22 são encontradas na região neotropical
(Petrochenko, 1971). Dentro da superordem
Xenarthra, são citadas muitas espécies de
acantocéfalos, porém não há nenhum registro de
Centrorhynchus. Já foram descritos parasitando D.
novemcinctus Hamanniella tortuosa (Leidy, 1850)
(Texas), Travassosia carini (Meyer, 1933) (Brasil)
(Yamaguti, 1963) e Macracanthorhynchus ingens
(Linstow, 1879) (Flórida) (Stokes et al., 2008).
Desta maneira, o objetivo deste estudo foi
identificar os cestódeos e acantocéfalos
encontrados em tatu-galinha no Bioma Pampa,
Brasil.
Foram coletados sob licença do SISBIO nº 21533-
1, 30 espécimes de D. novemcinctus da região sul
do Rio Grande do Sul, Brasil. Após a coleta os
animais foram sedados e eutanasiados de acordo
com o CFMV (2012) e transportados até o
Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres
da Universidade Federal de Pelotas. Brasil.
Durante a necropsia tiveram seus órgãos e
conteúdos intestinal e estomacal individualizados
e analisados ao esteromicroscópio para a coleta
dos parasitos. Os parasitos encontrados foram
fixados em AFA, corados com Carmin de
Langeron e preparados para posterior
identificação, sendo que, o acantocéfalo
encontrado foi medido (mm), sendo aferidos o
comprimento do corpo, largura do corpo,
comprimento da probóscide e largura da
probóscide. Os parâmetros analisados foram
prevalência, intensidade média e abundância
média e estes foram calculados de acordo com
Bush et al. (1997).
Dos 30 espécimes examinados, cinco tiveram o
intestino delgado parasitado por cestódeos e
Gomes et al.
Mathevotaenia in Dasypus
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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