RESEARCH NOTE / NOTA CIENTÍFICA
Abstract
During the period of 2009 and 2010, 30 specimens of Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) were
collected from different regions of the state of Rio Grande do Sul, Brazil, with the objective of
identifying the parasites that occurs in the Pampa Biome. Cestoda and Acanthocephala, were found
in the intestine of six armadillos, which were identified as Mathevotaenia sp. (Cestoda:
Anoplocephalidae) and Centrorhynchus sp. (Acanthocephala: Centrorhynchidae). Both parasites are
recorded for the first time in nine banded armadillo in Brazil.
Keywords: Acanthocephala - Brazil - Cestoda - Nine - banded - armadillo.
PARASITISM OF MATHEVOTAENIA SP. (CESTODA: ANOPLOCEPHALIDAE) AND
CENTRORHYNCHUS SP. (ACANTHOCEPHALA: CENTRORHYNCHIDAE) IN DASYPUS
NOVEMCINCTUS (MAMMALIA: XENARTHRA) IN BRAZIL
PARASITISMO DE MATHEVOTAENIA SP. (CESTODA: ANOPLOCEPHALIDAE) E
CENTRORHYNCHUS SP. (ACANTHOCEPHALA: CENTRORHYNCHIDAE) EM DASYPUS
NOVEMCINCTUS (MAMMALIA: XENARTHRA) NO BRASIL
1* 1 1
Samara Nunes Gomes , Tatiana Cheuiche Pesenti & Gertrud Muller
Resumo
Durante o período de 2009 e 2010 foram coletados 30 espécimes de Dasypus novemcinctus
(Linnaeus, 1758) oriundos de diversas regiões do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, com o objetivo
de identificar os parasitos desta espécie no Bioma Pampa. Durante a pesquisa foram encontrados
helmintos da Classe Cestoda e do filo Acanthocephala parasitando o intestino delgado de seis tatus,
os quais foram identificados como Mathevotaenia sp. (Cestoda: Anoplocephalidae) e
Centrorhynchus sp. (Acanthocephala: Centrorhynchidae). Ambos parasitos são registrados pela
primeira vez em tatu galinha no Brasil.
Palavras chave: Acanthocephala - Brasil - Cestoda - Tatu galinha.
Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres, Instituto de Biologia, Departamento de Microbiologia e Parasitologia, UFPel, CP354, CEP96010-900,
Pelotas, RS, Brasil.
*Sâmara Nunes Gomes. Rua: Praça Vinte de Setembro, nº 904. Telefone: (0xx51) 91350993.
sng.bio@hotmail.com
Suggested citation: Gomes, SN, Pesenti, TC & Muller, G. 2012. Parasitism of Mathevotaenia sp. (Cestoda: Anoplocephalidae)
and Centrorhynchus sp. (Acanthocephala: Centrorhynchidae) in Dasypus novemcinctus (Mammalia: Xenarthra) in Brazil.
Neotropical Helminthology, vol. 6, 2, pp. 287-290.
Neotrop. Helminthol., 6(2), 2012
2012 Asociación Peruana de Helmintología e Invertebrados Afines (APHIA)
ISSN: 2218-6425 impreso / ISSN: 1995-1043 on line
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INTRODUÇÃO
Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) (tatu-
galinha), é um mamífero pertenecente à família
Dasypodidae, que ocorre do sul da América do
Norte ao sul da América do Sul (Wetzel, 1982).
Estes animais apresentam hábitos terrestres a
fossoriais e a maioria das espécies constrói tocas e
escava o solo a procura de alimento. São
essencialmente solitários exceto durante os breves
momentos de acasalamento. Muitos tatus dessa
espécie morrem por atropelamento nas rodovias,
embora sejam muito caçados, ainda não constam
na lista de extinção devido a sua ampla distribuição
(Carter & Encarnação, 1983).
poucos trabalhos relacionados ao estudo de
parasitos em tatus no Brasil, assim como em outros
países do Continente Americano. O estudo dos
parasitos da fauna silvestre é muito importante,
uma vez que novos relatos ampliam a distribuição
geográfica dos mesmos e de seus hospedeiros.
O gênero Mathevotaenia (Akhumyan, 1946) inclui
29 espécies que infectam vertebrados como
roedores, marsupiais, primatas, mustelídeos,
edentados, lêmures e aves (Yamaguti, 1959;
Schmidt, 1986). No Brasil, várias espécies de
Mathevotaenia foram relatadas infectando uma
grande variedade de mamíferos, incluindo M.
surinamensis (Cohn, 1902), M. bivittata (Janicki,
1904), M. megastoma (Diesing, 1850), M.
marmosae (Beddard, 1914), M. immature (Rego,
1963), M. didelphidis (Rudolphi, 1819) e M.
brasiliensis (Fuhrmann, 1908) (Schmidt, 1986;
Campbell et al., 2003; Griese, 2007).
Mathevotaenia tem sido descrito parasitando
várias espécies de tatus nas Américas. relatos
de M. paraguayae (Schmidt & Martin, 1978) em
Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) no
Paraguai e M. surinamensis em Dasypus
novemcinctus, M. diminuta (Navone, 1989), em D.
septemcinctus e M. matacus (Navone, 1989) em
Chaetophractus vellerosus (Gray, 1865) na
Argentina (Navone, 1990).
Os acantocéfalos formam um único filo em virtude
de sua estrutura e hábitos parasitários. Seus ciclos
de vida geralmente envolvem insetos como
hospedeiros intermediários e os definitivos variam
conforme a espécie. Estão distribuídos por todo
mundo e divididos em vários gêneros (Dimitrova
& Gibson, 2005), sendo que espécies do gênero
Centrorhynchus (Lühe, 1911), têm aves e
mamíferos como hospedeiros definitivos,
artrópodes terrestres como hospedeiros
intermediários e anfíbios e répteis como
hospedeiros paratênicos. Das 97 espécies de
Centrorhynchus descritas (Lunaschi & Drago,
2010), 22 são encontradas na região neotropical
(Petrochenko, 1971). Dentro da superordem
Xenarthra, são citadas muitas espécies de
acantocéfalos, porém não nenhum registro de
Centrorhynchus. foram descritos parasitando D.
novemcinctus Hamanniella tortuosa (Leidy, 1850)
(Texas), Travassosia carini (Meyer, 1933) (Brasil)
(Yamaguti, 1963) e Macracanthorhynchus ingens
(Linstow, 1879) (Flórida) (Stokes et al., 2008).
Desta maneira, o objetivo deste estudo foi
identificar os cestódeos e acantocéfalos
encontrados em tatu-galinha no Bioma Pampa,
Brasil.
Foram coletados sob licença do SISBIO 21533-
1, 30 espécimes de D. novemcinctus da região sul
do Rio Grande do Sul, Brasil. Após a coleta os
animais foram sedados e eutanasiados de acordo
com o CFMV (2012) e transportados até o
Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres
da Universidade Federal de Pelotas. Brasil.
Durante a necropsia tiveram seus órgãos e
conteúdos intestinal e estomacal individualizados
e analisados ao esteromicroscópio para a coleta
dos parasitos. Os parasitos encontrados foram
fixados em AFA, corados com Carmin de
Langeron e preparados para posterior
identificação, sendo que, o acantocéfalo
encontrado foi medido (mm), sendo aferidos o
comprimento do corpo, largura do corpo,
comprimento da probóscide e largura da
probóscide. Os parâmetros analisados foram
prevalência, intensidade média e abundância
média e estes foram calculados de acordo com
Bush et al. (1997).
Dos 30 espécimes examinados, cinco tiveram o
intestino delgado parasitado por cestódeos e
Gomes et al.
Mathevotaenia in Dasypus
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Neotrop. Helminthol., 6(2), 2012
somente um por acantocéfalo, identificados como
Mathevotaenia sp. e Centrorhynchus sp.,
respectivamente (Tabela 1).
O Cestoda apresentou características morfológicas
compatíveis com o gênero Mathevotaenia, entre
elas, escólex esférico ou globular com quatro
ventosas, colo pouco diferenciado, estróbilo
pequeno, proglotes craspedotes, mais largas que
longas, átrio genital no terço anterior da proglote,
vesícula seminal ausente e ducto genital passando
entre o sistema excretor (Yamaguti, 1959;
Schmidt, 1986).
De acordo com Yamaguti (1963) e Petrochenko
(1971), o acantocéfalo foi identificado como
Centrorhynchus sp. por apresentar as seguintes
características: corpo cilíndrico, com 1,77 mm de
comprimento por 0,4 mm de largura, sem sinais de
pseudosegmentação, probóscide cilíndrica com
0,72 mm de comprimento por 0,26 mm de largura,
dividida em anterior e posterior, sendo a anterior
orbicular com ganchos e espinhos bem
desenvolvidos, distribuídos em 30 linhas
longitudinais com 16-20 ganchos cada, sendo que,
o numero de ganchos nas linhas longitudinais é
diferente. A probóscide posterior é cônica, pouco
desenvolvida e sem espinhos e ganchos. Essas
peças apresentam-se divididas por uma constrição
onde a bainha da probóscide está conectada. Colo
ausente. Poros genitais não terminais, não
circundados por espinhos. Apresenta uma pequena
protuberância na região posterior.
Este trabalho relata o primeiro registro de
Mathevotaenia sp. e Centrorhynchus sp.
parasitando D. novemcinctus no Brasil, sendo este
de grande importância para o entendimento da
relação parasito-hospedeiro e sua distribuição
geográfica.
Tabela 1. Parâmetros avaliados de Mathevotaenia sp. e Centrorhynchus sp. em Dasypus novemcinctus no Brasil.
Helmintos Prevalência (%) Intensidade Média Abundância Média
Mathevotaenia sp. 16,66 1 0,16
Centrorhynchus sp. 3,33 1 0,03
Bush, AO, Lafferty, KD, Lotz, LL & Shostak, AW.
1997.
Campbell, ML, Garner, SL & Navone, GT. 2003.
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Author for correspondence / Autor para
correspondencia
Samara Nunes Gomes
Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres,
Instituto de Biologia, Departamento de
Microbiologia e Parasitologia, Universidade
Federal de Pelotas.
UFPel, CP354, CEP96010-900, Pelotas, RS,
Brasil.
Rua: Praça Vinte de Setembro, 904.
Telefone: (0xx51) 91350993.
E-mail/correo electrónico: sng.bio@hotmail.com
Received , October 7, 2012.
Accepted, December 8, 2012.
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